Os estudos sobre a etiologia da falta de desejo sexual avançaram nos últimos tempos. Hoje se sabe que disfunções hormonais e depressão são dois grandes fatores de inibição do desejo, que pode ser afetado ainda por doenças cardíacas, reumáticas e sistêmicas, como diabetes e hipertensão.
"O tratamento dessas doenças, antidepressivos, diuréticos e outros tipos de medicamentos também podem inibir a vontade sexual", relata a psiquiatra Carmita Abdo, livre-docente da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e coordenadora do projeto sexualidade do Hospital das Clínicas. Ela faz palestra sobre desejo sexual no âmbito da Ciência Preventiva de Gerenciamento da Saúde durante o congresso que acontece nesta semana em São Paulo.
Os casos difíceis, observa Carmita, acontecem quando o indivíduo não tem desejo e, ao se fazer uma avaliação, nenhum problema, como depressão, disfunção hormonal e doenças, é detectado. "Essa pessoa viveria bem sem sexo, mas o parceiro sofre as conseqüências, então não é mais uma questão individual, mas relacional."
Outro aspecto é que a pessoa desmotivada em geral tem volição baixa não só para sexo, mas também para outras funções vitais. "Daí temos um caso psicogênico, pois o comportamento se apresenta desde a juventude", diz a psiquiatra. "Entretanto, se a inibição ocorrer na fase dos 40 ou 50 anos, as causas orgânicas merecem ser investigadas", complementa.
Vale ressaltar que a disfunção sexual não se caracteriza por uma falha ou pela ausência de sexo durante alguns dias. "É preciso um período recorrente ou persistente de pelo menos seis meses", descreve Carmita, porque conflitos temporários e dificuldades econômicas ou profissionais comprometem desempenhos
Fonte: Agência Estado